contemplação

deveria ter cuidado com o que quis
deveria ter cuidado com aceitar
afinal, há dias me tornei estátua
há tempos, me preocupo com definhar

nunca faz sentido parar, nunca se mover
o sangue deixa de correr
a gangrena da alma é evocada ao corpo
tramas entrelaçadas de tecido morto

penso ainda, mesmo imóvel
penso em como será a contrapartida
penso se já não ocorre
penso se esse poema já não é sal na ferida

não imagino que saberei
tenho receio, pois vejo que errei
dessa maneira venho a conjecturar
sofrer é o destino ou há de se salvar?

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~isabé